segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Natureza dupla


Em 1923, o Jornal Internacional de Zoologia publicou o caso de um galináceo cujo comportamento variava entre o de uma fêmea (botando ovos) e o de um macho (tentando acasalar com outras fêmeas e apresentando um testículo). Esses animais são chamados ginandromorfos bilaterais e possuem metade do corpo feminino e metade masculino. No caso da galinha/galo, o animal possuía também um ovário e tinha uma metade do corpo menor e mais arredondada que a outra. Ocorrendo especialmente em aves, o fenômeno já foi observado em vários insetos como abelhas, borboletas, bichos-da-seda, em lagostas, caranguejos e até serpentes. 

A rara ocorrência, diferente do hermafroditismo (que se limita a apresentar duas genitais distintas), pode ser, na verdade, um truque evolutivo, uma tentativa de controle biológico próprio de uma espécie para produzir mais machos ou fêmeas, de acordo com a necessidade de reprodução.  

Imagem: euquerobiologia.com.br


Segundo matéria da BBC, "Há ainda uma última possível explicação para os ginandromorfos: o fato de, em alguns lugares, a atividade humana ter dado origem a eles. Pesquisadores encontraram uma abundância de borboletas ginandromorfas depois dos desastres nucleares de Chernobil, na Ucrânia, e de Fukushima, no Japão.


Imagem: Shirley Caldwell


Um exemplo de ginandromorfismo foi descoberto este ano na Pensilvânia, EUA, por Shirley Caldwell, uma americana apaixonada por aves. Ela fotografou uma ave cardeal, metade macho e metade fêmea. A diferença de cores, no caso, marca a divisão dos sexos no animal. Esse pássaro, diferente de outros a apresentarem o fenômeno, no entanto, não é infértil, já que a metade onde se localiza o ovário (esquerda) é a da fêmea. A ave está acompanhada de outro macho e a expectativa, segundo matéria da Revista Galileu, é de que venham filhotes por aí.

Não há relatos de ocorrência do ginandromorfismo em mamíferos.

Links consultados:


Nenhum comentário:

Postar um comentário